quinta-feira, 15 de novembro de 2007

À Deriva

- Dois comprimidos de sinestésicos, por favor. É para aliviar esse Nada...


E se minha janela não tivesse essa grade talvez eu tentasse me misturar a essa paisagem cinza. Cinza de concreto e prelúdio de tempestade. A água nunca cai só - que pena. Seria tão belo sentir o silêncio das gotas de céu caindo sobre nossa pele... Mas cai a chuva e traz consigo os raios, clarões ensurdecedores que insistem em fazer meu quarto tremer. Meu pequeno mundo à deriva. É só uma chuva de verão... Talvez não. Quando meu quarto enfim serena, minha mão ecoa o tremor de um mundo, refletindo uma tempestade que não é minha. Logo Ela se infiltra pelas rachaduras da minha alma e me afoga, me acalma. Os clarões se calam quando bebo sua luz. Águas azuis me abraçam, me protegem. Já não posso me mexer, e agradeço por isso. É tão simples. É como voltar pra casa, no Fim...

Mas eu nunca tive casa para a qual voltar, meu bem... E o fim me soa como uma promessa de paz para qual ainda não estou preparado.
E minha mão trêmula me lembra que ainda estou vivo e que levo comigo uma tempestade que ainda não é minha.




Sempre vai ser tarde
A esperança que ainda tenho não passa de saudade
E hoje, ontem de amanhã, será sempre minha utopia
É triste, mas é bela, essa Menina Nostalgia



- O que você tem, Gu?
- Nada, nada... Relaxa.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Clichês

Adoro quando você vem fazer a mesma pergunta de sempre.
Me calo, sorrindo de lado, para te ver tentando adivinhar o que estou prestes a responder.
Não me entrego fácil. Espero o esboço do meu sorriso ser ofuscado pelos teus olhos (eles brilham de propósito?)
E quando te respondo, teimo em usar palavras que soam erradas.
Pois minha fala só faz sentido quando repetida por você, à meia voz.
(E existe outro sentido pra Nós?)



...



A paz que eu levo entre dedos já não basta mais
Quero a paz do teu colo
A paz dos teus braços
Quero meu mundo suspenso em teus lábios



Vinhetinha em EAC:

- Seja você mesma!

E ela:

- Qual delas?